28 de julho de 2009

Alice no País das Maravilhas (1951)

Quando me convidaram pra escrever em um blog sobre animação pensei em vários filmes Cult, em vídeos de música e tinha esquecido o motivo pelo qual eu sou apaixonada por filmes de animação e desenhos animados. Pode parecer coisa de criança, de intelectual, mas o encantamento com esse gênero vem lá da minha infância quando minha mãe me levava pra assistir os desenhos da Disney no cinema. Alice foi o que mais me encantou.

Eu era pequena, tinha uns sete anos, sei lá, mas logo me identifiquei com aquela menininha que gostava de gatos e de sonhar. Falar que o filme é um Clássico seria uma enorme redundância. Ele é, e foi um marco dos filmes Disney, já que fugia totalmente dos padrões da época e daquilo que esse Estúdio estava acostumado a fazer.

Deve-se levar em consideração o momento histórico em que essa história foi lançada . O pós-guerra pedia grandes heroínas com certezas absolutas e Alice era só uma menininha comum, sonhadora, com preguiça de estudar. Ela desperta de sua monótona rotina para um mundo de esquisitices, desencontros, incertezas.


Sua curiosidade foi muito maior que o bom senso e quando vê um coelho branco de coletes correndo cheio de pressa com um relógio na mão, não resiste e segue com ele ao País das Maravilhas onde a Rainha de Copas a todos comanda, onde tudo é ilógico. É como um sonho lúcido. Tudo aquilo que você deseja está lá, mas não do jeito que queria. Flores e animais falantes, tão desejados, comportam-se de forma estranha e não a ajudam encontrar o Coelho Branco e mais tarde, a voltar para casa.

Muito pelo contrário, eles dão informações desencontradas, dizem coisas sem sentido e a fazem percorrer a Wonderland mudando de tamanho a toda hora, mudando de caminho, até que ela mesma se esquece de quem é e porque está lá.

O Gato que Ri, ou The Cheshire Cat, parece ser um dos  personagens mais gentis com Alice e dá dicas que a fazem chegar ao Jardim da Rainha de Copas e ao Coelho Branco. Como todo sonho lúcido a história acaba com a Rainha de Copas perseguindo e querendo cortar a cabeça de Alice, que desperta antes que isso aconteça. Ela acorda e volta para o seu mundo e nos deixa com a sensação de que fomos nós quem sonhamos.

Enfim, é uma história maluca, estranha, bela a seu modo, mas totalmente fora dos padrões melosos da heroína desprotegida à procura de um Príncipe Encantado. Alice é, como muitos de nós, curiosa, xereta mesmo, sonhadora, mas terrivelmente diferente de tudo o que é esperado dela. Essa história, quase psicodélica, mostra que ser diferente, estar confuso e cheio de incertezas faz parte da vida dos mais criativos, daqueles que se recusam a viver apenas a rotina dos dias comuns e ousa experimentar o novo.

por: Andreia.Gaia