No último artigo da História doCinema de Animação conhecemos mais sobre o surgimento e utilização dafascinante técnica – o stop-motion. Vimos também que ela ainda é amplamente
utilizada em filmes animados. Inclusive durante muito tempo o stop-motion foi
utilizado para a construção de efeitos especiais nos cinemas. No artigo de hoje
vamos conhecer mais sobre a diferença entre efeito especial e efeito visual, o
uso do stop-motion como efeito especial e um pouco mais sobre Ray Harryhausen,
o mestre dessa encantadora técnica.
A evolução dos efeitos especiais e visuais
O cinema tem a capacidade de demonstrar
na grande tela: amplas explosões, monstros místicos, batalhas colossais e
diversos outros elementos de fantasia e ação que encantam e satisfazem seu
público dando ainda mais realismo a narrativa ficcional. Todos esses efeitos
excêntricos utilizados desde os primórdios do cinema são chamados de efeitos
especiais e efeitos visuais. E antes de apresentarmos sobre o tópico principal deste
artigo – uso do stop-motion como efeito especial – é necessário descrever a
principal diferença entre os efeitos especiais e os efeitos visuais.
A captura de movimentos do personagem Hulk em Os Vingadores (2012)
Os efeitos visuais também chamados
de efeitos digitais são aqueles construídos na pós-produção fílmica utilizando
de um computador com algum software específico para isso. Os efeitos visuais
são amplamente utilizados atualmente, podemos citar como exemplos: composição
digital, correção de cor, personagens e/ou cenários virtuais e a captura de
movimento. Enquanto os efeitos especiais são realizados ao vivo durante as
filmagens do próprio filme, estes são os elementos vivos e reais para o ator ou
a produção do filme trabalhar em cena como: explosões reais, efeitos
atmosféricos, pirotecnia e vários outros. Os efeitos especiais ainda são
utilizados em alguns filmes conforme a escolha e preferência do diretor.
Willis O’Brien e sua criação
E inclusive, durante muitos anos
o stop-motion foi utilizado como efeito especial em muitos filmes conhecidos.
Um dos primeiros filmes que se destaca na utilização do stop-motion e acabou
sendo uma solução prática para dar vida a uma das mais famosas criaturas do
cinema: King Kong (1933). A criação do animador Willis O’Brien tinha apenas
45cm de altura mas repassava a ilusão de uma criatura enorme e atuou lado a
lado com os atores humanos do filme. Antes da ideia de utilizar o boneco e o
stop-motion foi cogitado várias ideias para dar vida ao primata desde um gorila
treinado para atuar a um próprio homem fantasiado do animal. O filme se
destacou, pois, o boneco de King Kong conseguiu cativar o público mostrando uma
verdadeira representação artística.
Willis O’Brien animando sua criação
O stop-motion inclusive era
frequentemente combinado com as filmagens reais, pois era a saída ideal para
problemas relacionados a orçamento, tamanho dos cenários ou até mesmo pela
dificuldade da elaboração de algum outro tipo de efeito especial. No próprio
King Kong foram usadas bonecas da atriz Fay Wray para simular a atuação com o gorila.
Em outros filmes utilizava-se o stop-motion para representar grandes colisões
de veículos e aviões na tentativa de dar realidade para a narrativa. No filme O
Império Contra-Ataca (1980) as enormes máquinas AT-AT walkers eram na verdade
pequenos modelos que ganharam vida e o aspecto abissal graças ao stop-motion.
Making of das AT-AT
Mas foi exatamente na tentativa
de oferecer vida à fantasia que o stop-motion marcou a história do cinema.
Foram vários monstros, dinossauros e diversas outras criaturas maravilhosas
criadas por exímios animadores que deram a devida realidade a diversos filmes
de fantasia. E nesse quesito o nome de Ray Harryhausen (1920-2013) é que mais
se destaca devido a sua imaginação audaciosa.
Ray Harryhausen e algumas de suas criações
Aos 13 anos de idade Ray
Harryhausen teve a oportunidade de assistir King Kong e sentiu intrigado com as
imagens do gorila no topo do Empire States. A partir desse evento, a animação
mudaria a vida de Harryhausen. Ele teve a chance de iniciar sua carreira
trabalhando com O’Brien, diretor de King Kong, e acabou tornando-se referência em
efeitos especiais. Para o mestre, o stop-motion era a possibilidade de
construir um mundo de sonhos e fantasia, transformando a realidade em
imaginação.
As criações do Mestre Ray Harryhausen
Ray Harryhausen foi o artista que
fascinou crianças e adultos durante meio século, influenciou a atual geração de
artista de efeitos visuais e é reverenciado por grandes diretores do cinema,
entre eles Steven Spielberg e Tim Burton. Harryhausen foi um dos principais
responsável em dar vida a distintos personagens lendários (polvo gigante,
dragão, ciclope, hidra, harpia, centauro, medusa) de diversos filmes: O Monstro
do Mar Revolto (1955), A 20 Milhões de Milhas da Terra (1957), Simbad e a
Princesa (1958), Jasão e os Argonautas (1963) e o clássico Fúria de Titãs
(1981).
Efeitos visuais e o stop-motion de Frankenweenie (2012)
Com o desenvolvimento da
computação gráfica, a grande maioria dos efeitos deixaram de ser especiais e
tornaram-se visuais. Os computadores e softwares de efeitos visuais trouxeram
ao público do cinema uma verossimilhança atrativa e convincente. O stop-motion
realmente deixou de ser utilizado como efeito especial, mas o seu poder de
fascinação e tamanha beleza ainda reside nas animações que agora podem utilizar
da delicadeza dessa técnica juntamente com elementos dos efeitos visuais.
Deixando claro que o aparecimento e desenvolvimento de novas tecnologias não acarreta
na substituição de um meio pelo outro, mas principalmente na possibilidade de
ambos os meios serem utilizados como forma de expressão de humana.