Os Croods, 2013 |
O homem
sempre almejou dar movimento a suas figuras estáticas. E graças a esse desejo e
fascínio pelo movimento que hoje podemos ver filmes e desenhos animados
elaborados com distintas técnicas (desenho, massa de modelar, computação
gráfica, etc.). E o cinema de animação, constituído do adjunto da imagem a ação
do movimento, foi reconhecido como arte visual a partir do século XX. Contudo,
a história dessa arte é muito mais abrangente. E, a partir de agora, vamos
poder conhecer um pouco mais da história do cinema de animação, seus
precedentes e o deslumbre do ser humano com o movimento.
Podemos
perceber que o homem não é o único animal atraído ao movimento. Observe o
comportamento de um cachorro que descansa tranquilamente. Ao ver o movimento
continuo das rodas de um veículo, logo se dispara numa corrida para tentar
deter aquele movimento. A atração do movimento para o homem também é observada
em cartazes e anúncios móveis, sejam eles de sinais de neon ou comerciais de
televisão. Esses possuem uma efetividade muito maior, comparada aos mesmo
avisos quando fotografados, pintados ou ausente de qualquer movimentação.
Portanto, o movimento também é a essência do cinema de animação.
Javali com oito pernas representando o movimento. |
O cinema
de animação tem como um dos seus precedentes mais antigos os desenhos rupestres,
feitos há milhões de anos atrás por nossos ancestrais. Nesses registros
históricos, encontrados no Norte da Espanha nas paredes das cavernas em
Altamira, podemos observar que, nas pinturas, os animais estão representados
com mais patas do que seu real físico apresenta. Percebe-se como o movimento é
aludido nessas representações remotas e históricas que precedem o cinema de
animação.
“A ideia de animação é muito mais velha que os filmes ou a televisão”
Richard Williams. The Animator’s Survival Kit. 2001.
O homem sempre
tentou entonar movimento a suas figuras. No Egito antigo, no ano de 1600 a.C, o
faraó Ramsés II, em homenagem a deusa Isis, construiu um templo formado por 110
colunas. Em cada coluna foi pintado um desenho da deusa com uma pequena
variação de posição entre uma coluna e outra. Ao se atravessar o templo em
algum tipo de veículo da época, a deusa homenageada ganhava a ilusão do
movimento.
Ilustração Egípcia |
A
animação e o desejo pelo movimento são identificados ou sugeridos em outras
pinturas artísticas durante a evolução histórica do homem. O artista
renascentista do século XV, Leonardo da Vinci, com seu afamado desenho
“Proporções do corpo humano”, tangencia o problema da animação ao representar
um homem exibindo duplamente seus membros inferiores e superiores. A pintura
futurista de Marcel Duchamp do século XX, “Nu Descendo uma Escada”, representa
através do óleo na tela a dinâmica plástica do movimento numa sequência de
posições de uma personagem num único quadro.
"Nu descendo uma escada", Marcel Duchamp (1912-1916) |
Contudo,
os primeiros dispositivos técnicos que propiciaram o amadurecimento das ideias
sobre o movimento e a animação surgiram no Renascimento em 1646 com o jesuíta
alemão Athanasius Kircher em sua invenção intitulada a “lanterna mágica”. Que
será tema da próxima postagem sobre a história da animação!