Flipbook ou Livro Mágico |
Nas últimas semanas apreciamos um
pouco do desejo do homem em dar movimento a seus desenhos estáticos, conhecemos
alguns dos precedentes do cinema de animação como os desenhos rupestres, o teatro de sombras chinesas e a lanterna mágica. Além disso, vimos como uma
peculiaridade do olho humano – a persistência retiniana ou persistência da visão – contribuiu com a aspiração ao movimento das imagens.
Agora iremos
conhecer as invenções baseadas na persistência da visão, os brinquedos e
gadgets que suscitavam, por meio de truques óptico-mecânicos, a ilusão do
movimento. Os brinquedos ópticos foram de grande importância para o cinema de
animação. Além disso, alguns deles são utilizados até hoje como singela forma
de entretenimento.
Os dispositivos
ópticos-mecânicos, surgiram a partir da década de 1820, a partir da teoria da
persistência da visão (fração de segundos em que a imagem permanece na retina).
Estes brinquedos, que permitem a ilusão do movimento, tinham como intuito
principal o entretenimento e a distração. Cada dispositivo criado tinha como
base o funcionamento dos brinquedos precursores. O funcionamento então era
aperfeiçoado, permitindo um aprimoramento maior com a ilusão do movimento.
Ilustração das imagens frente e verso do disco do taumatroscópio
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Em 1825, surgiu o taumatroscópio,
que consiste em um disco de papelão com uma imagem na frente e no verso,
mantidos entre dois pedaços de cordões. Ao torcer o cordão o disco girava
rapidamente, criando a impressão de uma única imagem no disco. Era muito comum
utilizar as imagens de uma gaiola vazia e um pássaro, e no rodopio do disco,
víamos a ave presa na gaiola.
Ilustração do fenaquistoscópio |
Em 1833, o físico Joseph-Antoine
Plateau com seus filhos inventou o fenaquistoscópio, aparelho formado por dois
discos: um com frestas e o outro com várias figuras desenhadas em posições
diferentes, que ganhava movimento quando os discos eram acionados. Para a
produção dessa sensação do movimento eram necessárias dez imagens fixas por
segundo. A visualização das imagens dos movimentos só era possível ao olhar
através das aberturas do disco com frestas do aparelho. O fenaquistoscópio
ganhou bastante popularidade e foi amplamente comercializado na época.
Zootroscópio ou daedalum |
O britânico William George Horner
utilizando do mesmo princípio do fenaquistoscópio, em 1834, construiu o
zootroscópio, também conhecido como daedalum ou roda da vida. A sequências de
imagens desenhadas eram colocadas num tambor com fendas. Ao observar através
das fendas, as imagens ganhavam vida quando o tambor girava.
Praxinoscópio em movimento
Em 1877, Émile Reynaud criou o
praxinoscópio, que também era uma variante do zootroscópio. A diferença
fundamental do praxinoscópio, consistia de um jogo de espelhos no interior do
aparelho que criava um cenário ao fundo e a ilusão das figuras animadas na
frente. Émile Reynaud, com a combinação do praxinoscópio e lanternas, foi o
primeiro a criar curtas sequências de ação dramática com imagens animadas.
Reynaud e sua exibição de imagens animadas |
Contudo, o mais popular dos
brinquedos ópticos é o livro mágico, ou popularmente conhecido flipbook. Este
invento de ilusão de ótica surgiu em 1868, e devido a sua simplicidade
rapidamente se difundiu, ganhando seu espaço pelo mundo. O flipbook é um bloco
de folhas, tal qual um pequeno livro, onde se desenha uma sequência de imagens,
folha a folha, como quadros sobrepostos. Ao repassar, essas folhas rapidamente,
é criada a ilusão de movimento com os desenhos sequenciados. Alguns teóricos do
cinema de animação afirmam que o flipbook ainda é muito utilizado na produção
de filmes animados. Isso acontece principalmente pelo fácil manuseio e a forma
prática de visualizar o tempo e a velocidade da animação sem a utilização das
câmeras.
Flipbook Sonic
Durante a premiação do Oscar em
2010 o diretor premiado Peter Docter do filme animado "UP – Altas Aventuras" (2009), ao receber o Oscar de melhor animação de 2009, pronunciou da seguinte
forma: “Eu nunca imaginei que fazer um flipbook no meu livro de matemática da
terceira série ia me levar a isto”. Isso mostra a relevância que o singelo
flipbook tem para os animadores, independente da tecnologia presente nas
câmeras e nos programas de edição. E principalmente a sua importância para
história do cinema de animação.
E tenho certeza que todo admirador do cinema animado já teve a curiosidade de brincar com um flipbook, mesmo que seja nas folhas dos cadernos escolares ou até mesmo como uma simples diversão, ainda hoje constrói seu flipbook, só para visualizar a ilusão do movimento em sua própria criação.
E tenho certeza que todo admirador do cinema animado já teve a curiosidade de brincar com um flipbook, mesmo que seja nas folhas dos cadernos escolares ou até mesmo como uma simples diversão, ainda hoje constrói seu flipbook, só para visualizar a ilusão do movimento em sua própria criação.