“Hakuna Matata”, “Continue a nadar”, “Ao Infinito e Além”, o que esses termos expressados em filmes animados tem em comum? Todos eles são metáforas culturais que refletem a narrativa fílmica e acabam ganhando espaço na cultura e sociedade. São metáforas culturais que ultrapassam as telas coloridas da arte da animação e ganham os mais distintos ambientes: de escolas a mesas de bar.
As metáforas culturais são expressões idiomáticas compartilhadas em sociedade, refletindo as ideias e ideologia de uma cultura. Muitas vezes a mídia acaba criando metáforas culturais que refletem o produto midiático e a cultura para os quais foram desenvolvidos. No filme “Forrest Gump – O Contador de Histórias” (1994) de Robert Zemeckis, a frase “a vida é uma caixa de chocolates” é uma expressão metafórica que reflete não somente a vida cotidiana na narrativa fílmica, como também pode refletir na vida habitual dos que assistem ao filme.
E o cinema de animação também tem a capacidade de criar as metáforas culturais. Em O Rei Leão (1994), o pequeno leão, Simba, foge do seu reino se sentindo culpado pela morte brutal do seu pai, Mufasa. Simba, sozinho no deserto, prestes a ser devorado por abutres, é salvo pela dupla – Timão e Pumba. Os personagens após descobrirem um pouco da triste história de Simba, ensinam a ele uma nova filosofia metafórica, o Hakuna Matata:
Timão: Você precisa deixar seu passado para trás. Garoto, coisas ruins acontecem, e não há nada que possa fazer. Certo?
Simba: Certo.
Timão: Errado! Quando o mundo dá as costas para você, você dá as costas para o mundo.
Simba: Não foi o que me ensinaram.
Timão: Então precisa de uma nova lição. Repita comigo. Hakuna Matata.
Simba: Quê?
Pumba: Hakuna Matata. Quer dizer "sem problemas".
A filosofia Hakuna Matata de Timão e Pumba é uma expressão da língua suaíle bastante utilizada no Quênia que realmente significa “sem problemas”, “sem preocupações”. O termo Hakuna Matata extremante difundido na região do país citado, ganhou proporções mundiais graças ao filme e se tornou uma metáfora cultural sobre a forma como avaliamos nossos problemas cotidianos, e em alguns casos é necessário deixá-los no passado.
Em Procurando Nemo (2003), o peixe-palhaço, Marlin, na tentativa de encontrar seu filho capturado, o Nemo, acaba contando com a ajuda da desmemoriada peixe-anjo, Dory. Marlin e Dory acabam se aventurando pela vastidão do oceano, desbravando os mistérios e perigos nas águas do mar. Num determinado momento de desânimo de Marlin, Dory fala o seguinte discurso:
Dory: Quando a vida te decepciona, qual é a solução? Continue a nadar! Continue a nadar! Continue a nadar, nadar, nadar! Para achar a solução, nadar, nadar!
A metáfora “Continue a nadar” pronunciada por Dory, reflete não apenas no contexto fílmico, ela ultrapassa as telas da animação de dimensões oceânicas e se conjetura na nossa sociedade contemporânea numa simplória significação: “não desista”. A metáfora cultural criada pelo filme Procurando Nemo, faz-nos compreender e experienciar sobre mantermos a esperança diante das adversidades que podem surgir, e tentar perceber com otimismo a vida e nos induzir a "continuar a nadar" independentemente das circunstâncias que podemos vivenciar pelo caminho.
Citamos como exemplos o Hakuna Matata de O Rei Leão e o “Continue a nadar” de Procurando Nemo, e particularmente também acredito que a frase “Ao Infinito e Além” pronunciada constantemente pelo astronauta Buzz Lightyear em Toy Story, também é uma metáfora cultural, que no filme representa a importância da amizade entre os brinquedos e a criança; é o sentimento de afeição entre eles, que vai além de algo imaginável – uma acuidade sem limites. E a frase “Ao Infinito e Além” é aplicada com esse mesmo intuito nas sociedades e nas culturas, em que o filme se faz presente.
Esses foram apenas alguns exemplos de frases e metáforas culturais criadas especialmente para os filmes animados, que acabaram se popularizando e ganhando espaço além dos filmes. E você tem alguma metáfora cultural marcante?