Émile Eugene Jean Louis Courtet |
Na última postagem finalmente
vimos o cinema de animação nascer, com o curta de 1906 “Humorous Phases of Funny Faces” de James Stuart Blackton. Além
disso, observamos que os filmes de efeito (trickfilms)
contribuíram bastante, tanto para o nascimento do cinema de animação, quanto
para o seu próprio progresso.
Contudo, chegou um momento que o mercado cinematográfico foi exaustivamente abarrotado com estes filmes com sequências animadas. O público estava saturado com as produções e narrativas mal construídas e o descuido estético. Somente com os artistas Émile Cohl e Winsor McCay, o cinema de animação viria a ganhar toda a reestruturação técnica, estética e narrativa que o consolidaria como arte e auxiliaria no seu processo de industrialização. Na postagem de hoje vamos conhecer um pouco mais sobre Émile Cohl e suas grandes contribuições com o cinema de animação.
Contudo, chegou um momento que o mercado cinematográfico foi exaustivamente abarrotado com estes filmes com sequências animadas. O público estava saturado com as produções e narrativas mal construídas e o descuido estético. Somente com os artistas Émile Cohl e Winsor McCay, o cinema de animação viria a ganhar toda a reestruturação técnica, estética e narrativa que o consolidaria como arte e auxiliaria no seu processo de industrialização. Na postagem de hoje vamos conhecer um pouco mais sobre Émile Cohl e suas grandes contribuições com o cinema de animação.
Além da impregnação do mercado
cinematográfico com diversos filmes de efeitos com pequenas sequências
animadas, o desinteresse do público com essas produções também se deve ao
compartilhamento da informação como eram realizadas estas sequências. A aura
que cercava os espectadores referentes aos mistérios e dúvidas de como era
possível a realização daquela “magia” foi revelada e assim o encanto e
deslumbre foi quebrado. O próprio pai da animação James Stuart Blackton, que
contribuiu com um grande marco para a história cinema de animação, admitiu que
até mesmo os seus filmes se tornaram monótonos.
The
Hauted Hotel (1907) de James Stuart Blackton
Era necessário um molde que o
identificasse como arte e que resgatasse o interesse do público, não apenas
pela técnica da animação, mas para toda a obra. E o primeiro grande artista que
conseguiu essa proeza foi Émile Eugene Jean Louis Courtet (1857 – 1938),
popularmente conhecidos como Émile Cohl. Antes do seu pioneirismo de
transformar a animação em arte, foi cartunista, piadista, debatedor, pintor,
poeta, fotografo, desenhista, escritor de peças teatrais e ilustrador. O
interesse pela arte cinematográfica se desenvolveu ao ser convidado para
adaptar suas histórias em quadrinhos em filmes.
Fantasmagorie (1908) o primeiro filme animado
O seu primeiro filme animado
“Fantasmagorie”, lançado em 1908 é considerado o primeiro filme animado de
verdade, pois todo o curta metragem foi fotografado frame a frame. Para a
construção da sua animação, ele utilizou de tinta nanquim em cada um dos 700
desenhos feitos com os traços simplificados sobre uma caixa de luz (mesa ou
prancha de animador, com uma iluminação vinda por baixo que reflete em uma
superfície de vidro). A utilização da caixa de luz foi à solução prática para o
ganho de fluidez dos movimentos animados ao facilitar a modificação com
exatidão de um desenho entre um fotograma e outro. Além disso, contribuiu com a
diminuição do ardiloso trabalho, de desenhar fotograma por fotograma. Ela
possibilitou, ainda, a utilização do mesmo desenho duas vezes durante o
processo de fotografar os frames de uma animação, sem impedir a continuidade do
desenho.
Le Cauchemar de Fantoche (1908)
Émile Cohl pensou na animação de
forma tão artística, que se utilizou de técnicas que preservassem as linhas
brancas que se moviam no fundo negro, mesmo com a utilização da tinta escura.
Além desse artifício, foi pioneiro ao utilizar em suas animações as metamorfoses
(sequência animada na qual um desenho sofre mutações contínuas, misturando-se
com as formas e contorno dos outros desenhos gerando novas figuras), a máscara
fotográfica (a técnica que possibilita a junção precisa de animações com
sequências de ação ao vivo) e o efeito de zoom nas imagens, recurso esse ainda
inédito nos aparelhos de captação fílmica da época. Este efeito inovador acabou
gerando o plano close-up, muito
utilizado atualmente nos diversos gêneros de filme para focalizar e destacar
rostos.
A simplicidade e sofisticação dos desenhos de Émile Cohl |
Até 1910, sua filmografia somava mais
de 40 filmes, aproveitando de toda a sua criatividade como artista. Richard
Williams (2001) diz que, mesmo com desenhos que parecem ser feitos por uma
criança, a animação de Cohl é sofisticada, contribuindo bastante para a
modelagem de princípios da animação que seriam instaurados anos mais tarde.
A homenagem a Émile Cohl - Fantasmagorie 2008
Em 2008, o diretor Rastro Ciric
produziu o curta-metragem animado “Fantasmagorie 2008” que mesclava técnicas de
animação 2D e 3D. O curta-metragem foi uma homenagem aos 100 anos da primeira
animação de Émile Cohl e em memória do artista que faleceu em 1938 que
influenciou, e influencia, outras mentes tão geniosas quanto a sua. Émile Cohl,
além de marcar a história do cinema de animação, também abriu caminhos que
possibilitaram a industrialização dessa arte.
Na próxima semana vamos conhecer Winsor
McCay, o qual também contribuiu amplamente para a história do cinema de
animação.