Enquanto o cinema de ação ao vivo,
devido à sua maior viabilidade técnica de produção, estabelecia-se de vez como
uma indústria do entretenimento. A animação precisava criar meios que
acelerassem o processo de criação e que, além disso, atraíssem o público com
estrutura narrativa digna de uma boa história junto ao visual artístico da
obra. Nas últimas semanas conhecemos os artistas Emile Cohl e Winsor McCay que
colaboraram significativamente para que a animação pudesse ser vista como arte.
Mas, mais que uma visão artística, esses dois grandes nomes da história do
cinema de animação foram peças fundamentais para o processo de industrialização
da arte da animação.
Os filmes animados, desde quando
surgiram e começaram a se desenvolver, não eram vistos como produtos de consumo
de massa. Uma grande dificuldade do cinema de animação era como os artistas
tardavam em terminar suas obras devido ao longo e árduo processo técnico que era
demandado. Isso resultava nos longos intervalos de tempo (alguns com mais de
quatro anos) entre o lançamento das produções animadas dos artistas. Os filmes
animados precisavam ter início, meio e fim, preocupando-se ainda com o estilo
gráfico e o movimento convincente das obras.
E foi assim, com uma expectativa
de mercado de entretenimento para as obras de animação, que surgem os primeiros
estúdios do gênero. O intuito desses estúdios era produzir animações de modo
mais rápido e barato, semelhante ao cinema de ação ao vivo. Jonh Randoph Bray
foi um homem inovador e eficiente para a animação, graças às suas ideias de estrutura
organizacional de produção. A estratégia de Bray viabilizava uma competição
direta com os filmes de ação ao vivo, com a produção coletiva por meio da
divisão e hierarquia do trabalho, com os patenteamentos da criação dos meios
técnicos que facilitassem o processo e, principalmente, com o afinar da
distribuição e do marketing dos filmes animados. Dessa forma, as obras animadas
passaram a ser vistas com devida importância pela impressa da época.
Nesse período, várias técnicas
foram criadas pelos estúdios para minimizar o trabalho árduo e repetitivo para
a criação das paisagens que compunham as animações. A técnica criada por Jonh
Randoph Bray consistia na impressão dos cenários em largas folhas onde seriam
sobrepostos os personagens desenhados. Já o estúdio de Raoul Barré, implantou o
sistema de corte do cenário ou do personagem facilitando o processo de
redesenhar os cenários. Bill Nolan criou a ilusão do movimento horizontal do
personagem, movimentando o cenário por trás da personagem. Sua técnica ficou
conhecida como cenário desenhado em compridas folhas de papel.
Com os meios que facilitavam a
produção dos desenhos animados, surgiram às primeiras séries animadas ou séries
de personagens. Daniel Pinna (2006) afirma que essas produções se
caracterizavam com repetições de poses, de expressões, movimentos, cenas e
cenários que eram reaproveitados em diversos episódios. E nesse momento, surge
o termo “desenho animado” amplamente conhecido até hoje. Durante esse período,
a animação, mesmo com todas as críticas, finalmente começa a ganhar um espaço
na indústria do entretenimento.