18 de março de 2010

O Mundo Depois de "Avatar"

Ontem à noite fiz o que milhares de pessoas ao redor do mundo estão fazendo: assisti ao filme AVATAR do Diretor James Cameron. Esperava um filme com muitos efeitos especiais, o que eu adoro, mas pouco conteúdo. Cai do Porco, como diria um amigo meu!

A história relata uma experiência de conecção extra corpórea, o AVATAR, idéia muito comum em histórias de fantasia japonesa, porém feita com tecnologia, idéia muito comum em filmes Norte Americanos.

Cada um, dentro de sua cultura, tenta interpretar essa conecção inexplicável do ser humano com a natureza. Os orientais por terem uma cultura mais espiritual, conseguem conceber e entender uma conexão invisível, espiritual.

Nós ocidentais, por termos uma cultura extremamente materialista e só acreditamos naquilo que nossos olhos ou nossos aparelhos ultramodernos possam nos mostrar precisamos de uma conexão física entre corpo-mente. O filme, ótimo por sinal, faz um paralelo entre essas diferenças culturais, porém ainda se utiliza das conexões materiais para explicar como a integração homem-natureza se dão.

A lição, de Responsabilidade socioambiental, vem da integração entre indivíduos inteligentes e a fauna e flora do Planeta Pandora que abriga seres hostis em um ambiente nada favorável: animais selvagens, quase pré-históricos, fauna e flora totalmente intocados vivendo em perfeita harmonia com os humanóides inteligentes que lá habitam.

Só para variar, os humanos chegam com sua tecnologia de destruição para minerar o tal planeta, ou seja: derrubar e matar tudo que houver no caminho entre eles e seu objetivo.

Muitas vezes, o filme deixa transparecer similaridades entre esta história de fantasia e a conquista norte-americana pelo oeste. Acho que esse tipo de genocídio fica marcado no inconsciente coletivo de uma nação e de certa forma tenta mudar a história dando a chance aos nativos de vencerem afinal.

De certa forma é um resgate e também um alerta para que se algum dia o ser humano encontrar um planeta habitado e com cultura própria, não cometa os mesmos erros que cometemos aqui neste planeta.

Infelizmente, esse tipo de destruição não foi privilégio da sociedade Norte Americana.Todos os povos na história da humanidade conquistaram e destruíram a civilização conquistada, pouco aprenderam com ela e ainda destruíram tudo que havia ao redor. Em nome do progresso, do dinheiro e da vaidade, desmataram, perfuraram, habitaram locais que deveriam estar intocados.


A lição que vejo nessa história é que devemos prestar atenção no que está acontecendo hoje com o nosso planeta. Devastado por terremotos, enchentes, furações e todo tipo de catástrofe natural. Muitos acham que é o fim do mundo. Pode até ser, eu não vou ficar aqui discutido a crença religiosa de ninguém. Mas com certeza absoluta 95% de todas as desgraças que nos ocorrem neste momento são causadas pela total desconexão: ser humano e natureza.

As enchentes sempre existiram, mas foram tremendamente agravadas pelo efeito estufa e pelo descuido humano em construir e aterrar áreas naturalmente feitas pra absorver o impacto das enchentes, como brejos, pantanais, várzeas etc. Construímos nossas casas em locais de alívio do calor, como é o caso de muitas regiões nos Estados Unidos, onde os furacões são freqüentes e já muito discutidos pelos cientistas como sendo necessários para aliviar os mares do calor excessivo e regular sua temperatura.

Aqui no Brasil, construímos em encostas, destruímos matas ciliares, aterramos áreas de várzea e desrespeitados o ritmo e o curso natural da águas. No final as desgraças vêm. Será o fim do mundo ou será um ajuste entre o Planeta e nós humanos? Por muito tempo acreditamos sermos os Senhores do Planeta. Acreditamos poder modificar, construir, destruir, matar, modificar a natureza porque éramos os mais inteligentes e os escolhidos por Deus. Não encontramos o nosso lugar nesse planeta.

Ao invés de usarmos nossa inteligência para viver melhor respeitando os demais seres viventes, destruímos para ficarmos mais confortáveis, nos afastamos da natureza, acreditamos ser parte separada do planeta Terra e de tudo que nele há.

Parece que não vai ser bem assim. A Natureza mostra que têm muito mais força que nós e que somos apenas uma pequena parte do eco-sistema. Que a Terra pode muito bem viver sem nós. Melhor abrirmos os olhos em quanto ainda há tempo. Melhor seguirmos o exemplo dos habitantes de Pandora que viviam totalmente integrados com animais , plantas , terra, ar, mar.

Melhor é pensarmos, porque um terremoto, um tsunami, um furacão, que são forças naturais e constantes em nosso planeta têm nos causado tanto sofrimento e perda humana. Será o fim do mundo ou será que nós é quem ficamos no caminho de forças naturais necessárias e sobre a qual não temos o menor controle? Já dizia o poeta: "Fechar os olhos às evidências é método que nunca deu bons resultados" Que tal o ser humano fazer um mea culpa e se ajustar à Terra ao invés de tentar modificar o que não conhece.

Porque não podemos construir uma sociedade planetária, já que somos todos humanos e no final, só podemos contar uns com os outros e deixar de lado nossas pequenas diferenças míopes a respeito de que cor de pele tem mais valor ou que Deus é o realmente verdadeiro.

Veja bem, pensando assim à distancia, essas questões não passam de futilidades. Será que a humanidade vai sobreviver a essa infância emocional e finalmente vai conseguir fazer parte de algo maior? A Humanidade talvez não resista a tantos impropérios mas a Terra com certeza sobreviverá a nós.