Prever, antecipar, incentivar e alertar, embora estas não sejam obrigações dos trabalhos artísticos, sempre houve no momento da criação ou mesmo da divulgação de um produto artístico / midiático o atrelamento a elementos que geralmente são denominados como responsabilidade social ou contribuição social.
Em todo caso, faz parte da criação artística independente da linguagem, sejam nas obras de artes, literárias, fílmicas, danças, teatrais entre outras, a necessidade de ver além dos olhos comuns, ver o que há por vir, mesmo sem uma fundamentação baseada na lógica predominante ou contextual, ver o que pode ser ou o que poderia ser sob determinadas circunstâncias e fatores.
Nesta perspectiva surge Tokio Magnitude 8.0 um ótimo animê, dirigido por Masaki Tachibana e produzido pelo Studio Bones e Citrus Kinema em 2009 e que ganhou o Prêmio de Excelência na categoria Animação no Japan Media Arts Festival do mesmo ano. A animação possui um grande repertorio com ótimo roteiro e excelentes imagens que aborda uma Tóquio destruída por um grande terremoto, a crise após o desastre e, é claro, a superação.
Todavia, o animê volta a ganhar visibilidade depois do terremoto que assolou oJapão no dia 11 deste mês, o mais forte da história japonesa, que gerou vários outros tremores, um tsunami e uma explosão na usina nuclear de Fukushima. O que chama nossa atenção é que a ficção é responsável por trabalhar nossos temores e potencializa a tal ponto que nos leva ao extremo de nossos medos e emoções, porém nesse caso a realidade foi mais além, forçando o Japão a lidar com uma situação só experimentada por eles na Segunda Grande Guerra.
O Animação S.A. indica Tokio Magnitude 8.0 pela qualidade técnica e artística da obra, assim como é possível através dela e de muitas outras obras do mesmo segmento e de outros, experimentarmos esta dor. Estamos torcendo pela recuperação do Japão, não por ser um grande mercado de animação, mas por serem um grande povo e um bem cultural imaterial; continuamos a rezar pelo Japão (#prayforjapan) e por seu povo.