Na última postagem conhecemos um pouco mais sobre o estúdio Fleisher, um dos principais concorrentes do estúdio
Disney na era de ouro do cinema de animação. Com o sucesso dos filmes animados
cada estúdio de animação instituiu áreas para seu departamento de animação, que
ficaram responsáveis pela criação de importantes séries e personagens para história
do cinema, que fugiam totalmente do estilo
criado pelo estúdio Disney. Na Warner Brothers surgiu as séries Lonney Toons e
Merry Melodies, na Universal o animador Walter Lantz criou diversos personagens
marcantes, dentre eles o Pica-Pau, e William Hanna e Joseph Barbera
impulsionaram a animação na MGM com a dupla: o
gato Tom e o rato Jerry. Contudo, por mais que alguns dos artistas desses estúdios
partiam do princípio artístico instaurado por Disney,
eles exploravam isso numa abordagem diferenciada, uma comédia insana, de humor
intenso. Foi com a criação do estúdio United
Productions of America (UPA) na década de 1940 que o cinema de animação ganhou
um estilo artístico inovador e revolucionário, utilizando a arte abstrata como
linha de trabalho para seus filmes animados.
O principio do estúdio UPA
Em 1944, Dave Hilberman, Zachary
Schwartz e Stephen Bosustow, três ex-funcionários da Disney que deixaram o
estúdio durante a greve de 1941, juntaram esforços para produzir um curta-metragem
político para Franklin Delano Roosevelt: Hell Bent for Election. E a partir dessa
junção de artistas, que acreditavam que a animação era muito mais que uma
imitação cuidadosamente realista da vida real, surgia a UPA (United Productions
of America).
A distribuição pela Columbia Pictures
E o sucesso do estúdio UPA deslanchou
ainda mais quando a Columbia Pictures se tornou a distribuidora de seus
curtas-metragens animados. No primeiro instante, os animadores da UPA
trabalharam com as histórias e personagens da própria Columbia e fizeram os
curtas: . Os filmes habilmente espetaculares se destacavam graças a
sua comicidade bem planejada e a estilização do desenho, sendo inclusive
indicados ao Oscar.
A partir dessa proeza, a Columbia permitiu o estúdio UPA criar seus próprios
personagens.
A distinção de Mister Magoo
O estúdio UPA seguia suas próprias regras evitando os animais
antropomórficos, tão presente na Disney, e a
comédia repleta de pequenas violências dos outros estúdios. Investia ainda na criação de filmes animados tendo
personagens humanos como a atração principal. E em 1949, no
curta-metragem Ragtime Bear, estreava Mister Magoo, que se tornou um
famoso personagem da UPA e uma espécie de símbolo para uma nova geração, além
do Mickey Mouse. O personagem era um adulto e seus traços psicológicos e
físicos estavam longe de ser o típico queridinho de Hollywood. Quincy Magoo, um
velho, baixo e careca, era um resmungão
cabeça-dura, mas a sua simpatia residia principalmente na sua ingenuidade e na
miopia incurável.
O premiado Gerald McBoing
A
ascensão do estúdio UPA para a fama e o sucesso da sua nova linguagem
estilística, veio em 1951 com o curta e também vencedor do Oscar: Gerald
McBoing Boing. O curta-metragem mostrava uma criança que era incapaz de falar,
mas emitia ruídos e efeitos sonoros. Gerald McBoing Boing se destacava também
pela qualidade artística e principalmente por conquistar o espectador com um
filme argucioso, sem a necessidade de ser uma comedia insana ou violenta.
Curta-metragem baseado num conto de Edgar Allan Poe
O estúdio UPA também foi
responsável por outros grandes sucessos tais como: Rooty
do Toot do Toot (1951) e The Tell-Tale Heart (1954) que apresentavam impressionantes
desenhos sofisticados, totalmente
diferenciados dos demais estúdios de animação. Por isso, o chamado "estilo
UPA" acabou influenciando mudanças significativas nos outros principais
estúdios de animação, incluindo Warner Bros., MGM, e até mesmo Disney,
inaugurando uma nova era de experimentação na animação.
Mesmo com toda essa inovação e
estilo, o estúdio UPA perdeu toda a sua criatividade
artística e qualidade dos filmes quando começou com sua
produção para TV. Contudo, sua imprescindível
contribuição para o cinema de animação marcou a
história, principalmente com os seus principais representantes Mister
Magoo e Gerald McBoing Boing, simpáticos personagens que fugiam da violência e
dos animais falantes tão presentes nos demais estúdios.