8 de dezembro de 2009

Coraline (2009)


Coraline, filme do estúdio Laika, feito a partir da história escrita por Neil Gaiman, o mesmo autor de Sandman, Orquídea Negra e Stardust, foi feito com a técnica de stop-motion (aquela que usa bonecos de massinha e faz os movimentos um a um, "fotografando" com a filmadora) estreou com um faturamento de mais de U$ 16.000 milhões já na primeira semana. Tanta euforia tem motivo!
A história da menina entediada que se muda para uma grande e centenária mansão cor-de-rosa e nela encontra um gato falante e um mundo paralelo tem muita similaridade com o clássico de Lewis Carroll Alice no País das Maravilhas. Porém, a idéia do ser humano confrontando a solidão e insatisfação são tão antigas que provavelmente encontraremos traços dela em diversas histórias antigas. A diferença é que Caroline foi feita por um autor moderno e que entende os problemas da vida cotidiana das famílias modernas.
Pais, que embora amem muito os filhos e talvez por isso mesmo, trabalham demais e não tem tempo suficiente para ficar com eles. Crianças, que passam a infância solitária e tem de enfrentar o desafio de crescerem e tornarem-se adultas por elas mesmas. O desejo de se ter tudo aquilo com que sempre sonhou sem conseqüências, a curiosidade e a vontade de encontrar coisas diferentes e tudo que faz da infância um tempo maravilhoso e mágico, mas também solitário e amedrontador. E ele conta essa história em um filme com imagens realmente lindas.
Além da técnica de stop-motion, usa cenários em 3D e um colorido que dá “aquele” gosto de sonho. Fiz umas pesquisas e descobri que Coraline foi o primeiro filme a usar uma impressora 3D, aquela que se parece com uma impressora normal só que ao invés de imprimir um documento em papel faz rapidamente uma peça em 3D colorida, para fazer a alteração dos rostos dos personagens.
Também foi a primeira animação em stop-motion a ser filmada inteira em 3-D estereoscópico durante a produção. Usando um rig formado por uma única câmera industrial 3-D, o mesmo quadro é filmado duas vezes antes que a equipe passe para o seguinte, e a câmera é programada para variar entre esquerda e direita, gravando quadros diferentes para cada olho e seu campo de visão. O esperado era que o filme tivesse início em 2-D, e que o público usasse os óculos quando Coraline visita o ‘Outro Mundo’, mas o diretor e animador Henry Selick de “O Estranho Mundo de Jack” achou que seria mais consistente transmitir as diferenças no modo de contar a história. “No mundo em que Caroline vive, fizemos os sets mais claustrofóbicos. As cores estão mais esvaídas, já que sua vida deve aparentar ser monótona. Quando ela chega ao “Outro Mundo”, os sets são parecidos, mas construídos de forma mais dimensional. Também aumentamos as cores um pouco, e movimentamos mais a câmera”, observa o diretor.Os cuidadosos detalhes e a bela opulência do trabalho dos produtores ficam maximizados em 3-D, mas o filme também pode ser convertido para 2-D ou formato digital.
Muita audácia e tecnologia fazem de Coraline um filme para crianças e para adultos também. É agradável aos olhos, os personagens secundários são incríveis e a história que fala de solidão, maldade, egoísmo, escolhas, amizade... Temas muito adultos e que fazem pensar.
Em uma entrevista, o autor disse : “Quis escrever um livro sobre o que significa ser corajoso. Trata-se de estar apavorado e fazer o que precisa ser feito, apesar do medo e dos obstáculos”, revela o autor. “Também quis expressar que, certas vezes, as pessoas que nos amam podem não nos dar toda a atenção de que precisamos, e certas vezes aqueles que nos dão toda a atenção necessária podem não nos amar de maneira saudável.”
Grande aposta para o Oscar de melhor animação neste ano, Coraline pode contar com a minha torcida. E que venham os Oscars!
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