Aclamadíssimo e super premiado, Detona Ralph chega como um dos grandes favoritos aoOscar de melhor longa metragem animado de 2013.
A saga do vilão que queria ser herói não trouxe um mote novo no universo da animação. Já tínhamos, nos anos passados, os sucessos de Meu Malvado Favorito e Megamente como filmes onde o vilão é o herói ou vice-versa. Então, o que tornou Ralph tão, com o perdão do trocadilho, detonador?
A primeira vista o espectador responderia rapidamente “O mundo dos Games.” E eu tendo a concordar. No entanto vou convidar este para ir mais a fundo nesta questão. Detona Ralph não trabalha só com a linguagem de Games, mas sim com a linguagem dos Games chamados Retro.
Os Games Retro são aqueles que remetem aos anos 70 e 80, época de grandes sucessos como Pong, Pac Man, Donkey Kong – o da escadinha não o do SNES – Mario Bros, enfim, época dos games de Fliperama e Consoles como Atari, Nintendo, Mega Drive e SNES.
Ralph fazia parte dos jogos da geração 8-bit, e a equipe de animação da Disney teve um primor pra demonstrar isso tanto nas cenas em que aparecia o Jogo como veríamos no Fliperama quanto na animação dos personagens “travadas” no 3D. Todos os moradores do prédio de Ralph se moviam com poucos intervalos, com isso quem assistia tinha a sensação de ver aqueles personagens como de jogos antigos em relação ao jogos novos de alta definição.
Outro aspecto foi a transição do universo real para o universo dos games. A extensão elétrica servir de estação de trem para a saída e entrada de outros jogos, a presença de personagens que fizeram parte da memória de quem os jogou comoZangief, o Fantasminha, Pac Man, Bowser, Sonic, Robotinik, etc ajudaram a dar o ar de nostalgia para os mais velhos que acompanharam a criançada para ver o filme.
E essa estratégia também não é novidade, afinal de contas pensar que nossos objetos de entretenimento tinham uma vida própria enquanto estávamos fora e usar objetos que realmente existiram a algumas décadas foram elementos utilizados por nada mais nada menos que a Pixar em Toy Story. A Disney animation com a ajuda da equipe de John Lasseter conseguiu repetir essa fórmula tomando o cuidado para que isso não ficasse óbvio. E para ajudar nisso, colocou o vilão como personagem principal. Aí não temos como dizer que é cópia. Foi a reciclagem de uma idéia feita de forma muito competente.
Para dar mais sabor a essa receita, o medo da rejeição – ser desligado – voltou com tudo ao enredo da história, e dessa vez com a ligação a questão do conflito de gerações. (Jogos antigos com raiva dos novos)
Todos esses elementos combinados tornaram Detona Raph uma ótima produção ao estilo Disney e serviu como uma grande demonstração de força da influencia dos estúdios Pixar em suas narrativas. São dois estúdios diferentes, mas não isolados. O que está ajudando a criar e recriar novas formas de narrativas animadas.
Vida longa a Ralph pois como ele mesmo disse sobre os jogos retro: “somos velhos, mas legais.”