Charles-Émile Reynaud (1844-1918) foi um artista do Século XIXque apresentava shows de projeção para o público já em 1892, através de meios mecânicos e com quadros pintados um a um. Filho de um relojoeiro e aprendendo a pintar com sua mãe, ele uniu as duas habilidades e gerou suas próprias animações, criando tanto os aparelhos de projeção como seus desenhos animados.
Professor de ciências, inventou o praxinoscópio (1877) e, mais complexo, o Teatro Óptico (1889), com o qual projetaria em púbico suas animações. Em 1907 criou o stéréo-cinéma, que incluía um sistema de efeito 3D – eletricidade é para os fracos.
Reynaud acabou por se decepcionar, uma vez que as pessoas se mostraram mais interessadas no efeito realista das filmagens dos irmãos Lumiére, que exibiram pela primeira vez em 1895. No mais, o método artesanal de Reynaud – que era um “one-man show”, cuidando da bilheteria à projeção, passando pela construção dos projetores e a confecção das animações – provou-se lento demais para seu próprio bem e sustento.
Curiosamente, eram os anos da Revolução Industrial, quando o artesanato e o artesão começavam a ser ultrapassados pela linha de produção e os especialistas. Não deixo de ver uma analogia direta com a história de Reynaud que, infelizmente, terminou mal: deprimido pela situação, um dia pegou todas as suas obras – aparelhos e arte – e as jogou no rio Sena. Entretanto, algumas sobreviveram, disponíveis nos links abaixo para o Youtube. Ele falece com dificuldades financeiras em um sanatório, anos depois.
Sua não foi outra senão uma história de reconhecimento tardio: o Dia Internacional da Animação – DIA – se dá a cada 28 de Outubro, pois esta data em 1892 é a mais antiga que se conhece de uma apresentação sua, no Musée Grévin em Paris.
A importância de Reynaud para o campo foi tão simples quanto crucial: até então conhecida nos brinquedos que exploravam a persistência retiniana – como o zootrópio, oflipbook, entre outros –, a Animação era presa a efeitos simples, rápidos e cíclicos. Reynaud a liberta e lhe confere uma narrativa, com início, meio e fim. Depois disso, nada mais foi como antes.