20 de junho de 2017

Diário animado - Annecy 2017 - Dia I

Nota dos Editores: No ano que Annecy Anuncia que em 2018 teremos uma edição temática sobre o Brasil, o Animação S.A. retira suas teias de aranha para um novo diário animado. Nos próximos Posts, Gordeeff vai falar no nosso diario animado sobre o Festival de Annecy 2017! \o/

Olá pessoal,

Eu sou a Gordeeff e vou, nos próximos dias, tentar compartilhar com vocês um pouco do prestigiado e mais importante festival de animação do mundo: o Festival international du film d'animation d'Annecy, 2017. Clique aqui para conhecer maiores detalhes sobre o Festival.

Bom vou ser rápida, pois tenho que assistir às sessões (lógico!) e tenho muita coisa para contar e comentar. Portanto vou ao que interessa – aos filmes! – e ao longo da semana vou contando sobre outras coisas também.

Bom, ontem foi o primeiro dia para o público. Eu cheguei cedo, tipo 7:30h e já tinha fila e bastante gente para a abertura da recepção do Festival, para a entrega das credenciais – solicitadas previamente, através do site do Festival.  


No meu primeiro dia de festival Assisti a sessão competitiva de Curtas-metragem 1.

Radio Dolores
Direção : Katariina LILLQVIST
País : Finlandia
Ano de produção: 2016
Técnica(s) utilizada(s): Stop motion com boneco

Stop motion interessante, pois tem como tema uma história real, que aconteceu na Espanha durante a guerra civil, na década de 1930.


Wednesday with Goddard
Direção : Nicolas MÉNARD
País : Reino Unido
Ano de produção: 2016
Duração : 04 min 30 s
Técnica(s) utilizada(s): Desenho sobre papel e 2D

Filme de estética simplificada, faz lembrar os antigos games. Como um bom filme inglês, trabalha bem com o humor negro e a ironia, com um personagem que procura por Deus. 


When Time Moves Faster
Direção : Anna VASOF
País : Austria, Canada
Ano de produção2016
Duração : 06 min 32 s
Técnica(s) utilizada(s): 2D + outras

É um filme que na verdade é um conjunto de exercícios sobre o movimento. Como um deles, em que a realizadora usou cortinas para animar alguém num balanço.


J'aime les filles
Direção : Diane OBOMSAWIN
País : Canada
Ano de produção: 2016
Duração : 08 min 12 s
Técnica(s) utilizada(s): 2D

Com assinatura do National Film Board of Canada, esta animação de desenho simples consegue abordar a questão da homossexualidade feminina de forma direta, delicada e ao mesmo tempo, cômica.

Ucieczka - (em português, escape, fuga)
Direção : Jaroslaw KONOPKA
País : Pologne
Ano de produção2017
Duração : 15 mn
Técnica(s) utilizada(s): Stop motion com bonecos

Filme pesado, violento, como um bom filme da Leste Europeu, sempre fica algo que “não entendemos direito”. Conta uma história pós-apocalíptica de mãe e filho que tentam escapar de uma situação ou lembrança violenta, mas não conseguem. Visualmente é muito forte.


In a Nutshell

Direção : Fabio FRIEDLI
País : Suíça
Ano de produção2017
Duração : 05 min 48 s
Técnica(s) utilizada(s): Stop motion com objetos

O curta utiliza sementes, folhas, noz, e outras coisas para abordar a indiferença à destruição, a apatia em que se vê coisas ruins e sofrimentos, sem dar muita importância. A utilização de objetos, ajudou nesse objetivo.

Double King

Direção : Felix COLGRAVE
País : Austrália
Ano de produção: 2017
Duração : 09 mn 43 s
Técnica(s) utilizada(s): 2D

Animação curiosa, pois para mim, me faz lembrar a segunda, pois também os personagens têm um visual simplificado e lembram os games antigos. Mas é engraçada e fala, em forma de contos de fadas, sobre a ganância sem sentido. 


Panda
Direção : Shen JIE
País : Chine
Ano de produção: 2016
Duração : 03 min 30 s
Técnica(s) utilizada(s): 2D

Filme chinês bem intrigante. Para os puristas da animação, provavelmente seu visual não agrada, pois tem cores saturadas, que parecem imagens jpgs ou gif., com uma animação simplificada. Mas ele tem seu valor, uma vez que trabalha com metáfora semântica e visual, uma vez que “Panda” é um bichinho fofinho lá da China. Mas ... o filme não é isso. É forte e contundente. Não sei se já tem na Web, mas vale a pena, pelo que ele representa.

Venus
Direção : Sávio LEITE
País : Brésil
Ano de produção: 2017
Duração : 06 min 28 s
Técnica  2D, Rotoscopia

A sessão fechou com a animação do nosso conterrâneo, Sávio Leite. O filme saiu das páginas do livro, Bufólicas (1992), de Hilda Hilst. Como não podia deixar de ser, ele aborda também a questão LGBT, mas coerentemente com o tema, de forma bem mais escrachada, “falicamente” direta e suja. Fique claro que a forma “suja”, é uma questão de estética. E para quem já viu, não tem como não se lembrar do “Deu no Jornal” (2005), de Yanco Del Pino – tem no youtube. Também não entendam que eu estou dizendo que o Sávio imitou o Yanko – é enfadonho, nessa atualidade “democrata”, onde tudo o que se fala, tem que se explicar nos mínimos detalhes, senão você é execrado. Ufa...! Bem, a questão é que os dois filmes apresentam o mesmo visual sujo, coisa que, também, para quem conhece a filmografia do Sávio, sabe que é uma caraterística de seus trabalhos.


Conclusão sobre a sessão: Bem diversa, como filmes de alto nível de animação, proposta e execução. Como sendo a primeira sessão competitiva de curtas, me lava a pensar que o Festival abraça a bandeira de questões entendida como polêmicas – sexo, guerra, violência. Não foi uma sessão em que se sai “leve” da sala de cinema. Ao contrário. Mas isso não a denigre ou a torna menor. É um reflexo de nossos tempos. Vamos aguardar pela maratona – são 5 sessões de curtas e 11 de longas - para termos um panorama final.



Outra sessão que assisti foi o longa-metragem japonê  Hirune Hime – Rêves éveillés ou Ancien & the Magic Tablet

Direção : Kenji KAMIYAMA
País : Japão
Ano de produção: 2017
Duração : 01 h 50
Técnica(s) utilizada(s): 2D

É um filme em uma sessão fora de competição, uma das muitas que Annecy apresenta.

Através da personagem principal, a órfã materna Morikawa, conta a história de sua família. Numa mistura de tempo “real” da história com os sonhos da jovem, o público vai entendendo o que aconteceu e quem era a sua mãe. Com o viés ecologicamente correto, o filme tem um roteiro um pouco confuso – é preciso prestar atenção – mas, exatamente por isso instigante. Como toda animação japonesa, tem o visual característico, com belos backgrounds e o senso do dever, a qualquer custo.