2 de agosto de 2015

Branca de Neve e os Sete Anões – O Filme Marco na História do Cinema de Animação (2ª Parte)

Na primeira parte dessa matéria conhecemos um pouco do processo deprodução do primeiro longa-metragem do estúdio Disney – “Branca de Neve e os Sete Anões. Nesta segunda parte, conheceremos um pouco mais deste filme que marcou a história da animação e a história do cinema mundial, principalmente pela forma que conduziu sua narrativa e a forma como a animação foi construída.

A narrativa é atraente, completa, cheia de conflitos, personagens carismáticos e com personalidades evidentesAssociado a uma trama que nos envolve pelas cores e luzes ao longo dos seus diversos temas, retratando as emoções dos personagens e nos emocionando num drama muito bem balanceado. Todo o processo da construção fílmica de “Branca de Neve e os Sete Anões”, contou com os 12 princípios da animação, o estudo de personalidade para cada um dos personagens, rotoscopia para a criação de movimentos humanos mais realistas e sutis em determinados personagens.

Animando Branca de Neve

O estúdio Disney utilizou-se do invento dos Fleischer no estudo e na análise de atores reais com a técnica de rotoscopia, pois acreditavam na convicção que Walt Disney relatava: “Eu definitivamente sinto que não podemos fazer coisas fantásticas baseadas no real, a não ser que nós conheçamos o real”. Todo esse estudo serviu para a construção dos personagens com anatomias e movimentos humanos de “Branca de Neve e os Sete Anões”.

As pantomimas  do movimento de Branca de Neve e os anões

A rotoscopia no primeiro instante foi utilizada apenas como guia para o desenho das ações das personagens. Os animadores observavam as cenas filmadas, com atores reais exercendo os movimentos, e escolhiam as poses que lhe agradavam. Walt Disney exigia que os animadores devessem apenas captar o sentimento e o movimento exercido pelos modelos e não os copiar. Contudo, devido a pressão crescente para a finalização do filme a tempo de ser apresentado na estação do inverno de 1937, os animadores infringiram a ordem de Walt Disney e utilizaram a técnica de rotoscopia.

Marge Champion 

A utilização da técnica de rotoscopia era uma das formas para acelerar a produção do filme. Já que as personagens humanas eram as que se mostravam as mais difíceis de desenhar. Walt Disney ainda teve todo cuidado e foi muito categórico quanto a utilização do aparato na divulgação do filme. Disney ordenou que para a campanha do lançamento nenhum dos personagens humanos deveria ser mostrado. Seu medo era que o público tivesse a impressão errônea quanto ao filme: “A única coisa que poderíamos dizer é que usamos modelos ao vivo com o propósito de estudar o movimento etc., mas não que fotografamos ação ao vivo e copiamos nossos desenhos dela”.

O Príncipe

A animação dos personagens humanos foi uma das tarefas mais complicadas para a realização do longa-metragem. Antes do filme “Branca de Neve e os Sete Anões” os animadores da Disney só haviam feito animações de personagens surreais ou animais. “Nossos artistas não estavam à altura do que queríamos fazer”. Frase dita por Walt Disney sobre a utilização da rotoscopia para captura de movimentos humanos para o filme. Devido a essa dificuldade em desenhar seres humanos, que o personagem do Príncipe foi uma das mais difíceis animações de se concretizar. Prova disso, foi a redução do papel do Príncipe nas diversas cenas propostas pelos primeiros roteiros. Na concepção do Príncipe foram utilizados os princípios de animação semelhante aos da protagonista. Louis Hightower serviu de modelo para fazer a captura das pantomimas do Príncipe, sendo utilizada, assim, a técnica de rotoscopia.

Lucille La Verne

A atriz Lucille La Verne foi à responsável pelas pantomimas da Rainha, para a captura dos movimentos e ações pela rotoscopia, e também cedeu sua voz para a personagem. A modelo que serviu para as pantomimas da movimentação e atos de Branca de Neve para a aplicação da técnica de rotoscopia foi Marge Champion, uma jovem bailarina de 17 anos. Mas, no entanto, quem empresta sua voz para Branca de Neve foi uma talentosa adolescente, filha de sopranos, chamada Adriana Caselotti.

As pantomimas de Branca de Neve

A produção dos 362.919 frames que compõe o filme foi iniciada em fevereiro de 1936.  Toda a produção contou com mais de 750 artistas para a criação de mais de 2 milhões de desenhos e esboços, e também enfrentou grandes dificuldades financeiras. O orçamento inicial para o filme era de aproximadamente US$ 250 mil e em determinado momento, quando o dinheiro acabou, foi preciso mostrar o “teste a lápis” do filme inacabado para convencer os banqueiros para a arrecadação do empréstimo.

O Príncipe e a Branca de Neve

O filme quando estreou em 1937, com um orçamento de US$ 1,5 milhões e teve uma arrecadação em plena crise da depressão econômica, superior a US$ 8.500.000. Acabou sendo sucesso de público e crítica, foi mimoseado com um Oscar (memorando em 1938) e Disney mostrou o que sempre sustentara: a credibilidade dos personagens e a ilusão de vida que esta ajudava a criar eram de fato os elementos essenciais necessários para sustentar uma história de setenta minutos e prender a atenção da plateia.