5 de janeiro de 2015

Resenha: Operação Big Hero (2014)

Em agosto de 2009 postamos aqui no Animação S.A. a noticia de que a Disney havia comprado a Marvel por 4 Bilhões de dólares, na época disse que era impossível sair algo ruim com a junção das duas mega empresas, no entanto hoje em 2015 percebemos que ganhamos muito. 

O mais recente 'presente' que a Disney nos deu, foi o longa animado "Operação Big Hero" ('Big Hero 6' em inglês), a primeira animação de um personagem da Marvel feita pela Disney.

Assim como no caso do Homem de Ferro e do recente Guardiões da Galáxia, antes do lançamento do filme praticamente ninguém conhecia o Big Hero 6, hoje todos o conhecem; prova de que a compra bilionária ajudou a desenterrar ainda mais super heróis desconhecidos.

Big Hero 6 teve o seu primeiro quadrinho lançado em 1988, criação de Stevem Seagle e Duncan Rouleau, também criadores do seriado Ben 10 do Cartoon Network.


O filme, se passa na cidade de San Fransokyo, cujo seu personagem principal se chama Hiro Hamada um gênio da robótica, que aprende a utilizar sua genialidade graças a seu brilhante irmão, Tadashi, e conta com a ajuda de seus melhores amigos: O carismático robô Baymax, a veloz GoGo Tomago, o obcecado por organização Wasabi, a especialista em química Honey Lemon e o excêntrico fã de quadrinhos Fred.

O longa foi produzido pelo departamento de animação da Disney (Walt Disney Animation Studios) também responsável pelos recentes sucessos "Detona Ralph" e "Frozen". A produção teve ajuda dos chefões da Marvel, incluindo Joe Quesada, chefe criativo do estúdio e  Jeph Loeb, chefe da divisão de televisão da Marvel. Apesar da ajuda, John Lasseter, chefe criativo da Disney, disse que o estúdio teve total liberdade com a criação da história. 

Importante saber também que o universo de Big Hero 6 não possui nenhum vinculo com o Universo Cinematográfico da Marvel

Quanto ao design do Baymax, os diretores da animação Don Hall e Chris Williams, buscaram criar algo único. Com esse objetivo em mente a equipe foi até ao Instituto de Robotica da Carnegie Mellon University onde conheceram uma equipe de pesquisadores que estavam criando um novo tipo de robôs macios, utilizando vinil inflável (foto ao lado).

"O grande desafio na hora de criar o seu design é quando você coloca a armadura e você precisa sentir que ele possui uma presença intimidadora... Mas ao mesmo tempo ele precisa possuir um visual que seja adorável que o vinil inflável possui." - disse o diretor Chris Williams.


Toda a identidade visual do filme é uma combinação de elementos da cultura Ocidental (Califórnia) com a Oriental (Japão). A cidade de San Fransokyo, descrita pelo diretor "é uma versão alternativa de São Francisco. Apensar da tecnologia ser avançada, tudo se parece um pouco retro..." Esse mundo alternativo não existe nos quadrinhos, foi criado especificamente para o filme. A ideia dos diretores era criar "uma São Francisco de uma realidade paralela aonde a cidade foi repopulada por imigrantes japoneses depois do terremoto de 1906."

Prédio original de São Francisco que inspirou o Café da Tia Cass.

Concept-art do prédio original, desenhado pelo Scott Watanabe.

Versão final do Café da Tia Cass exibida no filme.

Para criar a cidade, a Disney comprou todos os dados reais da quantidade de casas e de carros da cidade de São Francisco. A versão digital possui em torno de 83.000 prédios e mais de 100 mil veículos. O software chamado Denizen foi o responsável pela criação de 700 personagens diferentes para serem multiplicados e popular a cidade. Já o software chamado Bonzai foi o responsável pela criação das 250 mil árvores da cidade.

Em termos de softwares utilizados, o mais impressionante é o novo render, criado especialmente para o filme chamado Hyperion. Para utilizar essa nova ferramenta a Disney criou um super computador com 55.000 núcleos espalhados em quatro render farms, três em Los Angeles e uma em São Francisco, que calculavam o equivalente a 1.1 milhões de horas por dia. Só para ter noção, com esse super computador, é possível renderizar todas as cenas da animação "Enrolados" a cada dez dias.

Para gerenciar todos os sistemas, foi criado o Coda, que fez a junção das quatro render farms, para se trabalhar como se fosse apenas uma. Sempre quando o render de alguma cena falhava, o Coda enviava uma mensagem de erro para um aplicativo de celular.  

Assisti ao filme em uma sessão que tinha muitas crianças, e apesar de ter sido um pouco irritante ouvi-las durante o filme todo, foi uma experiência muito legal para notar o quanto as pessoas adoraram. Crianças não mentem! No final da sessão praticamente todas estavam mega empolgadas e saíram da sala repetindo frases do filme.

Como já é de costume, animações aqui no Brasil só chegam com cópias dubladas. O que pessoalmente acho bastante irritante. Estava com os dois pés atrás, mas me surpreendi, pois achei a dublagem sensacional!

Com tanto esforço colocado na versão animada de "Big Hero 6" o resultado não poderia ser ruim. A união de um ótimo roteiro com ferramentas de última geração tornou a animação mais uma obra prima criada pela Disney. Um filme imperdível de ver, seja para crianças ou adultos!

E não se esqueça de ficar até o final dos créditos, assim como todos os filmes da Marvel tem sempre uma surpresinha no final e de chegar bem cedo pois antes de começar tem o belíssimo curta "O Banquete"! :)


Abaixo fiquem com mais algumas imagens de making-of da animação:

Primeiro concept-art dos personagens do filme.

Concept-art final dos personagens.

Lineup final dos personagens.

Modelo de expressões do Hiro.