28 de março de 2015

Estudando Animação em Vancouver (Parte 3/3)

Sala de aula
Depois de passar duas semanas vivendo no Canadá a sensação de estar tudo chegando no final já havia começado.

As duas últimas semanas do curso foram focadas em 3D, usando o Autodesk Maya. Revisamos os princípios básicos da animação. Animamos novamente a Bouncing Ball, porém agora com uma nova cauda para deixar as coisas mais complexas. Depois estudamos um pouco de acting e animamos alguns walk cycles.



Além dos exercícios, também visitamos a sala de cinema (sim, a escola possui uma sala de cinema!), onde invadimos uma aula de História da Animação do curso de 2D/3D Character Animation. A aula era sobre a história da animação canadense e enquanto o professor contava como tudo começou por lá, eram projetados vários curtas famosos no telão. Foi um experiência surreal!

Também tivemos a oportunidade de conversar com os alunos dos outros cursos da escola. Outra coisa que me surpreendeu foram as áreas de trabalho individuais que os alunos possuem e que podem usa-las quando quiserem. Conversei com vários alunos dos cursos de animação de personagem e de efeitos especiais, além de alguns canadenses, conheci mais outros dois brasileiros. Foi engraçado notar a diferença entre as salas de aula dos alunos de animação, que sempre são bem iluminadas, e das sala de aula do curso de efeitos especias, que as únicas fontes de luz são as dos monitores.
Foto por Reem Abdel-Jabbar

Nesse segunda parte também assistimos a uma aula de modelo vivo, onde aprendemos algumas técnicas básicas de desenho e também tivemos uma aula de stop-motion onde criamos uma animação comunitária usando massinha e outra usando a técnica de pixilation .

Também tivemos o prazer de assistir a uma palestra com a lenda viva Bill Mathews, animador aposentado da Disney, que tem no currículo animações como "A Bela Adormecida" (1959) e passagens pela NASA e no Sharidan College, considerada a melhor faculdade de animação do mundo, onde ele trabalha atualmente como consultor.

Richmond Night Market
Eu ainda tive o prazer de poder entrevista-lo pessoalmente. A entrevista possui duas partes que pode ser conferida nos dois primeiros videocasts do blog aqui e aqui.

Durante as aulas e os eventos da escola visitamos vários outros pontos turísticos da cidade, como o famoso Richmond Night Market, que fica em uma cidade colada com Vancouver. É basicamente um mercado chinês a céu aberto, cheio de barraquinhas com lembranças e comidas tipicas da China e outros países da Ásia, bem parecido com as festas juninas aqui no Brasil. Lá encontrei bonecos do Totoro por todos os lados (queria ter comprado todos!). \o/ Durante a viagem, voltei duas vezes lá.

Também fui ao Creekside Park e no Hinge Park, dois pequenos e simpáticos parques que possuem uma vista linda dos prédios do centro de Vancouver. Conheci também o Jardim Chinês em Chinatown, que é bem próxima ao centro. A Praia de Kitsilano, também não pôde ficar de fora e apesar de ser uma praia, seu mar é bem poluído e não possui ondas. As pessoas costumam tomar banho de sol e praticar esportes por lá.

Panorâmica tirada no Hinge Park
Tentei assistir à um jogo de Hockey, esporte mais popular do país, mas não consegui ingressos. Outro lugar que não tive tempo de ir foi no Science World at TELUS, um dos maiores planetários do mundo e a cidade de Victoria, capital da província de British Columbia, que fica bem próxima de Vancouver e muitos dizem que é uma cidade incrivelmente linda!

Na última semana em Vancouver fui junto com a turma do curso até a loja Oscar's Art Books! Sim! Uma loja só de livros de arte. São prateleiras e mais prateleiras contendo apenas artbooks de animações famosas... Enfim, um paraíso! Saí de lá com uma sacola pesada, cheia de livros e negociei com o dono da loja Sr. Oscar, que acabou me dando um baita desconto. A loja fica na 1533 W Broadway.

O último dia de aula foi bastante triste, afinal tudo aconteceu em apenas um mês, mas acabei fazendo várias grandes amizades. A pior parte foi se despedir de todos, pois fui um dos últimos a deixar a cidade.

Turma quase completa antes da despedida final
Em resumo, o curso como previsto apesar de não ser muito aprofundado, me mostrou várias técnicas e dicas que uso até hoje. Pude conversar com lendas vivas da animação, com professores que tinham um currículo de deixar qualquer um professor brasileiro com inveja, com animadores de várias partes do mundo, e tive a certeza que voltaria para o Brasil com uma bagagem que jamais pensaria em ter.

Vancouver é uma cidade fantástica! Sua população é muito receptiva e educada. Lembro de um dia que estava indo para a escola e vi um carro estacionar; o motorista saiu do seu veículo, caminhou até o meio da praça, jogou seu lixo no ponto de coleta e voltou para seu carro seguindo seu caminho. A única coisa que vi fora do contexto social do lugar foi uma garota claramente drogada, cortando o próprio rosto com uma lâmina de barbear no meio da calçada. Fora isso, não consigo lembrar de nenhuma outra coisa.
Sobrevoando Nova York, na viagem de volta
Chegando em Nova York, na viagem de volta, peguei minha última escala e vi no fundo do saguão uma turma de brasileiros barulhentos. fazendo zona como de costume. O voo de volta atrasou quase meia hora por causa dos adolescentes mal educados que gritavam e andavam pelo avião enquanto o piloto quase implorava pedindo cooperação para que o avião pudesse decolar. E com uma sensação de tristeza voltei para o Brasil. =(

Estudar fora, mesmo por um curto período de tempo é uma experiência que jamais irei esquecer. Estando lá, ficou bem claro o quanto a animação brasileira precisa crescer. Na cidade de Vancouver, por exemplo, são centenas de novos profissionais formados todos os anos; todos preparados para competir em uma imensa e bilionária indústria. Enquanto no Brasil animadores ainda são mais conhecidos por "animarem festas infantis".
Ainda sinto um aperto no coração em lembrar da última aula, da última vez que peguei o skytrain, da última vez que fui no supermercado, da última vez que caminhei pela Main Street, do táxi que peguei de volta para o Aeroporto. Com a certeza voltarei, espero que o mais breve possível!

Tentei nesse artigo resumir como foi a minha experiência no Canadá. Espero ter ajudado e incentivado o máximo de pessoas possíveis. Esta foi minha primeira viagem internacional e minha primeira viagem de avião. Fui sozinho com a cara e a coragem; sem saber direito falar inglês, apesar de entender bem. E não me arrependo em nenhum momento de ter feito assim. Não esperem a oportunidade aparecer, corra atrás dela!

Estarei a disposição para quem quiser tirar dúvidas e não deixem de comentar ou mandar um e-mail para: animacaosa@gmail.com, ficarei feliz em ajudar!

Esther, Andrew, Sérgio e eu na Praia de Kitsilano, Vancouver